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terça-feira, setembro 28, 2010

(I)Mortalidade

Ontem, num absolutamente banal olhar de esguelha, cruzei-me com ela...

Não me enfrentou cara a cara nem me dirigiu qualquer palavra. Passou apenas, como se flutuasse gélida e impávida no éter ao ritmo de um pendulo imparável.

Ontem, quando menos esperava, percebi o que muitos percebem ao fim de uma vida e outros, por a deixarem cedo demais, nunca lá chegam perto.

Entendi, sem perceber porquê, que não vou cá estar para ver os meus filhos chegarem a velhos e chegará o dia em que eles terão de estar preparados para viver sem mim. Não estarei quando a ciência, montada no seu corcel furioso da evolução, tornar banais doenças que hoje matam sem pudor ou levar o Homem por espaços nunca dantes navegados.

Quando a Queda do Muro de Berlin, os atentados às Torres Gémeas ou a eleição do primeiro negro fizerem 100 anos não vou festejar e dizer "eu vivi esses tempos loucos". Mas estive nesses momentos por aqui!

Hoje, num dia de Outono ainda vestido de Verão, dei de caras com a minha mortalidade. Ela, frígida mas intensa, ignorou-me. E eu fiz-lhe o mesmo... Porque até ao últimos dos meus minutos, viverei como se fosse imortal, contam os dias que cá estamos, o que neles sentimos e não deixamos por fazer. A vida vale o que dela fazemos e sentimos em cada momento. Tristes são aqueles que quando partem o fazem a pensar no que deviam ter feito.

Para esses a Morte tem um recado: "Agora já foste...!"

P.

segunda-feira, setembro 27, 2010

No dia em que o Google faz 12 anos...

...faz 10 anos que comecei a trabalhar como comercial na área onde estou actualmente, ou seja, Telecomunicações...

E ao "Googlar" o meu nome...deu zero!!!

No tempo em que és o que de ti está online isso quer dizer muito...

P.

terça-feira, agosto 03, 2010

Losing battle...

Durante uma guerra prolongada um dos fenómenos que mais afecta o moral e a capacidade de combate de uma unidade é a substituição dos veteranos por soldados novatos. Cada vez que um veterano deixava a sua unidade (morte, ferimento ou fim de comissão) perdia-se experiência, conhecimento e, mais importante, uma referência para os restantes companheiros. E os novatos que chegavam, não tendo essa experiência e ligação com o resto da unidade, tinham problemas de integração que levavam à perda de eficácia do grupo como um todo. Precisava-se então tempo (que raramente havia) para que a unidade voltasse a ter o mesmo nível de operacionalidade.

Uma sociedade comporta-se da mesma forma. Sabendo-se que os mais velhos e experientes mais cedo ou mais tarde nos vão deixar, é preciso que o conjunto tenha uma dinâmica e uma capacidade de se auto-regenerar e permitir "um elevado nível de operacionalidade" do todo.

Quando essa dinâmica não existe ou está adormecida temos um problema. Mas se os mais experientes desaparecem a um ritmo mais acelerado ou antes do tempo, esse problema multiplica-se.

Receio que esteja a acontecer isso mesmo connosco, aqui neste cantinho plantado à beira-mar. Nas últimas semanas deixaram-nos algumas referências em áreas distintas como o Jornalismo, o Teatro ou a Literatura. E sinto que os que cá ficamos não estamos ainda ao nível dos que, cedo demais, nos vão deixando. Saramago, António Feio ou Mário Bettencourt Resendes são insubstituíveis. Andamos todos demasiado preocupados com problemazitos que não o são enquanto que o essencial vai-se tornando acessório.

Existem novos valores que aqui e ali vão despontando mas parece-me que aqueles se foram cedo demais. Mas se calhar sou só eu que penso assim...

P.

domingo, agosto 01, 2010

Ainda uma homenagem (pequena) a António Feio

Ninguém como ele viveu de acordo com este hino dos grandes Monthy Python:



P.

terça-feira, julho 06, 2010

O medo...


Quem tem filhos sabe perfeitamente do que vou falar...

O medo, aquele sentimento que temos quando eles não estão connosco e que nos acompanha desde o primeiro momento. O receio de saber onde estão, com quem estão e como estão quando não podemos fazer nada por eles. Ou, mesmo não estando longe de nós, estão fora do nosso controlo.
Começa no dia em que o teste comprado, a medo, na farmácia dá positivo. Como se aqueles dois tracinhos rosa marcassem a fronteira entre o antes e o depois... Desde logo a preocupação com a mãe e com o desenvolvimento do feto. As perguntas, as dúvidas, o "serei capaz?" e tudo o que pensamos que pode correr mal ou menos bem. Depois a primeira ecografia e o contacto visual com aquele ser que, sendo nosso, é já muito mais do que isso. Estabelece-se o laço e o medo aperta na barriga porque agora já o vimos, já o visualizamos na nossa cabeça.

Passados os nove meses em que qualquer exame é um sobressalto, qualquer indisposição da mamã um "ai, ai, ai", vem o parto. E aqui o rol de emoções sentidas antes, durante e depois davam para um livro só por si. Mas o receio de que algo possa correr mal, com a mãe ou com o bebé, está sempre lá.

Quando a vida começa cá fora o medo desenvolve-se e assume, de forma silenciosa, outro patamar... Os primeiros dias, a primeira fralda,, o sono, das variações de peso, de todo e qualquer múrmurio do petiz. Se então for o prrimeiro filho, estes tempos são um perfeito filme de terror porque a tudo se junta a ainda curta "autoconfiança" dos pais.

Não me interpretem mal, este medo é a melhor ferramenta dos pais nos primeiros tempos porque nos mantém atentos e alerta para tudo.

O bebé cresce mas o medo está lá, alojado em nós como se de um órgão do nosso corpo se tratasse. Passa a ser algo nosso que nos acompanha sempre e a quem já tratamos por tu ao fim de uns tempos. Aprendemos a lidar com ele e, muito importante, a aproveitá-lo em nosso benefício! Uns chamam-lhe instinto, outros 6º sentido mas não deixa de ser o Medo que de inimigo passa a ser nosso aliado. Os melhores pais são aqueles que não se deixam dominar por este sentimento e, ao mesmo tempo, passam a respeitar o medo como algo que os pode ajudar. Aqueles que o deixam assumir um peso anormal, tornam-se superprotectores e fecham os filhos na rodoma.

Sei hoje que este meu "amigo" vai estar comigo para sempre porque é com ele que aprendo, todos os dias, o quanto os meus filhos são importantes e o quanto os sinto como meus e como a minha continuação. Preocupo-me por isso embora saiba que vão cair muitas vezes, vão bater com a cabeça na parede, chorar e sentir dor. Não o posso evitar mas vou estar lá sempre para lhes explicar que pior do que isso é não nos levantarmos quando caímos, é não conseguirmos erguer-nos quando tudo nos puxa para baixo...

Dói mas ao fim de um tempo habituamo-nos...sem medo!

P.