sexta-feira, outubro 15, 2010

"...estamos bien los 33"


17 dias depois de terem ficado isolados do mundo, a 700 metros de profundidade, esta foi a 1ª mensagem que mandaram para o mundo: "estamos bien los 33".  33 histórias de esperança, de fé em Deus e no Homem, 33 vidas que, durante 69 dias mantiveram em suspenso o Chile e todo o planeta.

33 mineiros que a 5 de Agosto foram apanhados por um desabamento de terras quando trabalhavam na escavação de minério (cobre e ouro). Não bastava terem um trabalho duríssimo como todos os mineiros em qualquer país, ainda passaram por um cativeiro de mais de 2 meses para poderem ver a luz do sol ou os sorrisos dos seus.

Qualquer pessoa que tem como obrigação profissional descer às profundezas e, rodeados por milhões de toneladas de terra, trabalharem em condições extremas numa profissão por si já exigente, tem o meu obsoluto respeito. Eu não o conseguiria...

Tal como os gauleses de Uderzo e Goscinny temiam, estes homens vivem sob o espectro de "o céu lhes cair em cima da cabeça". Para os 33 homens de San José, Chile, o dia 4 de Agosto, ainda vivido em liberdade e junto dos seus, foi a véspera desse dia!

Para quem é crente, foi um milagre terem sobrevivido quase sem danos físicos ao desabamento como foi um milagre terem dado sinal de vida. Também o facto de terem sobrevivido, organizados e com moral elevado, 17 dias depois até chegar auxílo, curto, da superfície. E após 69 dias fechados no seu "refúgio" voltarem, sem danos aparentes, a ver os seus que os pensavam perdidos e a regressarem do limbo a que estariam condenados.
Não sendo crente penso que tiveram a fortuna de viverem um tempo em que, a cada dia, o génio humano consegue ultrapassar barreiras cada vez mais longínquas (no sentido não literal da palavra). Tiveram a sorte de sobreviver e a sagacidade de, perante a adversidade, se unirem uns aos outros e ter esperança. Isso foi determinante porque de outra forma todos os esforços à superfície teriam sido em vão. Cá fora, unindo esforços de vários cantos do mundo, preparou-se uma operação de resgate usando a tecnologia mais avançada.

Vivemos tempos históricos, para o bem e para o mal. Basta-nos ter Esperança, como aqueles 33 mineiros tiveram quando tudo à sua volta lhes dizia para desistir. Não é uma história de vida, são 33 que nos fazem pensar...

P.

terça-feira, outubro 12, 2010

Viver todos os dias custa....



Alguém que eu admiro muito, do qual sou fã incondicional e que escreve aqui, disse uma vez que "viver todos os dias custa"...

Na altura, há uns anos atrás, a expressão significou pouco para mim. Tinha menos preocupações, mais tempo livre e a vida corria sempre a rolar, mais ou menos depressa, mas sempre de ladeira abaixo quando todos os santos ajudam!

Hoje a cada dia que passa tenho mais a certeza de que essa expressão é a mais pura das verdades. Heróis não são aqueles que fazem um feito extraordinário uma vez na vida! Ídolos não são os que se destacam da multidão por terem um dom! Estrelas não são as que brilham intensamente por uma única vez...

Heróis são os que estoicamente vivem um dia depois de outro, semana após semana e muitas vezes com pouca ou nenhuma esperança de alguma vez se sobressairem da multidão. Enfrentam o destino, muitas vezes azedo, com um certo desdem no rosto, com um sorriso até. Vencem barreiras profissionais todos os dias muitas vezes apenas por brio pessoal, aguentam firme na vida famíliar injustiças e tristezas com um brilho nos olhos para que à sua volta não se apercebam disso, na sua vida social passam por dificuldades e indiferenças sem se deixarem ir abaixo. Alguns caiem mas a maioria aguenta firme!

Esses, todos nós que anonimamente aqui andamos "com a cabeça entre as orelhas" como diz o Sérgio, são os verdadeiros heróis nos dias que correm. E são esses Heróis com letra grande que mais uma vez vão aguentar o barco na tempestade que se aproxima. Mais dificuldades, menos dinheiro ao fim do mês, mais desemprego, menos oportunidades, tudo isso se vai multiplicar no futuro (próximo) mais-que-imperfeito.

Chegou o tempo de cerrar os dentes com força e enfrentar o que aí vem. Depois logo tratamos de encontrar que nos levou até aqui...mas agora segure-se o leme, recolha-se o velame, aprume-se o cordame que o céu escuro em frente mostra o que nos espera...

Os próximos meses e anos vão mostrar a fibra de que somos feitos e, quando virmos que o bater no fundo já está para trás das costas,  se ainda cá estivermos então... então nada nos pode deitar abaixo.

P.

terça-feira, setembro 28, 2010

(I)Mortalidade

Ontem, num absolutamente banal olhar de esguelha, cruzei-me com ela...

Não me enfrentou cara a cara nem me dirigiu qualquer palavra. Passou apenas, como se flutuasse gélida e impávida no éter ao ritmo de um pendulo imparável.

Ontem, quando menos esperava, percebi o que muitos percebem ao fim de uma vida e outros, por a deixarem cedo demais, nunca lá chegam perto.

Entendi, sem perceber porquê, que não vou cá estar para ver os meus filhos chegarem a velhos e chegará o dia em que eles terão de estar preparados para viver sem mim. Não estarei quando a ciência, montada no seu corcel furioso da evolução, tornar banais doenças que hoje matam sem pudor ou levar o Homem por espaços nunca dantes navegados.

Quando a Queda do Muro de Berlin, os atentados às Torres Gémeas ou a eleição do primeiro negro fizerem 100 anos não vou festejar e dizer "eu vivi esses tempos loucos". Mas estive nesses momentos por aqui!

Hoje, num dia de Outono ainda vestido de Verão, dei de caras com a minha mortalidade. Ela, frígida mas intensa, ignorou-me. E eu fiz-lhe o mesmo... Porque até ao últimos dos meus minutos, viverei como se fosse imortal, contam os dias que cá estamos, o que neles sentimos e não deixamos por fazer. A vida vale o que dela fazemos e sentimos em cada momento. Tristes são aqueles que quando partem o fazem a pensar no que deviam ter feito.

Para esses a Morte tem um recado: "Agora já foste...!"

P.

segunda-feira, setembro 27, 2010

No dia em que o Google faz 12 anos...

...faz 10 anos que comecei a trabalhar como comercial na área onde estou actualmente, ou seja, Telecomunicações...

E ao "Googlar" o meu nome...deu zero!!!

No tempo em que és o que de ti está online isso quer dizer muito...

P.

terça-feira, setembro 07, 2010

Reality...

...slowly sets in...

P.

domingo, agosto 15, 2010

Once more into the breach...

KING HENRY V:
Once more unto the breach, dear friends, once more;
Or close the wall up with our English dead.
In peace there's nothing so becomes a man
As modest stillness and humility:
But when the blast of war blows in our ears,
Then imitate the action of the tiger;
Stiffen the sinews, summon up the blood,
Disguise fair nature with hard-favour'd rage;
Then lend the eye a terrible aspect;
Let pry through the portage of the head
Like the brass cannon; let the brow o'erwhelm it
As fearfully as doth a galled rock
O'erhang and jutty his confounded base,
Swill'd with the wild and wasteful ocean.
Now set the teeth and stretch the nostril wide,
Hold hard the breath and bend up every spirit
To his full height. On, on, you noblest English.
Whose blood is fet from fathers of war-proof!
Fathers that, like so many Alexanders,
Have in these parts from morn till even fought
And sheathed their swords for lack of argument:
Dishonour not your mothers; now attest
That those whom you call'd fathers did beget you.
Be copy now to men of grosser blood,
And teach them how to war. And you, good yeoman,
Whose limbs were made in England, show us here
The mettle of your pasture; let us swear
That you are worth your breeding; which I doubt not;
For there is none of you so mean and base,
That hath not noble lustre in your eyes.
I see you stand like greyhounds in the slips,
Straining upon the start. The game's afoot:
Follow your spirit, and upon this charge
Cry 'God for Harry, England, and Saint George!'

terça-feira, agosto 03, 2010

Losing battle...

Durante uma guerra prolongada um dos fenómenos que mais afecta o moral e a capacidade de combate de uma unidade é a substituição dos veteranos por soldados novatos. Cada vez que um veterano deixava a sua unidade (morte, ferimento ou fim de comissão) perdia-se experiência, conhecimento e, mais importante, uma referência para os restantes companheiros. E os novatos que chegavam, não tendo essa experiência e ligação com o resto da unidade, tinham problemas de integração que levavam à perda de eficácia do grupo como um todo. Precisava-se então tempo (que raramente havia) para que a unidade voltasse a ter o mesmo nível de operacionalidade.

Uma sociedade comporta-se da mesma forma. Sabendo-se que os mais velhos e experientes mais cedo ou mais tarde nos vão deixar, é preciso que o conjunto tenha uma dinâmica e uma capacidade de se auto-regenerar e permitir "um elevado nível de operacionalidade" do todo.

Quando essa dinâmica não existe ou está adormecida temos um problema. Mas se os mais experientes desaparecem a um ritmo mais acelerado ou antes do tempo, esse problema multiplica-se.

Receio que esteja a acontecer isso mesmo connosco, aqui neste cantinho plantado à beira-mar. Nas últimas semanas deixaram-nos algumas referências em áreas distintas como o Jornalismo, o Teatro ou a Literatura. E sinto que os que cá ficamos não estamos ainda ao nível dos que, cedo demais, nos vão deixando. Saramago, António Feio ou Mário Bettencourt Resendes são insubstituíveis. Andamos todos demasiado preocupados com problemazitos que não o são enquanto que o essencial vai-se tornando acessório.

Existem novos valores que aqui e ali vão despontando mas parece-me que aqueles se foram cedo demais. Mas se calhar sou só eu que penso assim...

P.

segunda-feira, agosto 02, 2010

A pré-época...

Enquanto uns perdem e desculpam-se com a relva e os árbitros...

Enquanto outros vendem as jóias (?), trocando-as por "pechisbeques" sem saberem se ficaram ou não os dedos...

Há os que, tendo sido campeões, saltam de goleada em goleada como se nem tivesse terminado a época passada!!!

Sem querer embandeirar em arco, este ano vai ser mais do mesmo...

P.

Trabalhar em Agosto...


...é muito bom!

Menos trânsito, dias longos, parece que o trabalho rende mais por menos tempo, vive-se uma atmosfera diferente.

Infelizmente e porque a escola dos meus filhos fecha neste mês há vários anos que sou "obrigado" a gozar férias neste mês.

Ainda assim, os dias a trabalhar quando toda a gente parece estar fora dão-me mais gozo ainda.

E falta (ainda) menos tempo para ir de férias!

P

domingo, agosto 01, 2010

Ainda uma homenagem (pequena) a António Feio

Ninguém como ele viveu de acordo com este hino dos grandes Monthy Python:



P.

quarta-feira, julho 28, 2010

Holding down my breath...

...waiting for vacations...

P.

sábado, julho 17, 2010

Portugal dos pequenitos - Quadro nº 1

Dia de trabalho, 9:12 da manhã

Entro numa pastelaria igual a tantas outras, banal para tomar um café, antes de entrar para uma reunião com um cliente.

Com um sonoro e bem disposto "Bom dia", peço "um café por favor".

(Sublinho o "Bom dia" e o "Por favor" da minha parte para que não restem dúvidas que iniciei o contacto da forma mais correcta possível).

A esta abordagem não houve qualquer reacção que não fosse o depositar de um pires e uma chávena (vá lá que esta vinha cheia e com café...). Foi o suficiente para me sentir incomodado mas nada mais do que isso, tinha outras preocupações em mente.

Para além disso cobram-me 65 cêntimos por um café sofrível e um ar de frete de uma empregada que não tem, nunca teve e dificilmente terá apetência ou motivação para servir a um balcão... Começo a sentir um incómodo crescente mas ok, no stress, no worries, vamos lá para a reunião que é bem mais importante que tudo isto.

Hora de pagar, nota de 10 € entregue (tinha ido ao Multibanco antes e o raio da máquina não me deu notas ou moedas de menor valor...).

Proverbial pergunta nas únicas palavras que me dirigiu: "Não tem mais pequeno" em tom de guarda nazi dirigindo-se a um prisioneiro de um campo de concentração (com o devido respeito).

Bom, se eu não admito que quem me conheça me fale assim, quanto mais quem eu nunca vi na vida e faço questão por não voltar a ver! Já com o indicador "paciência" no vermelho, respondo: "Não, o multibanco ainda não da moedas..."
Sentindo-se picada, resmunga algo que felizmente não percebi. Arranca a nota do balcão e dispara direita a máquina registadora, preparando a vingançazinha e com ar de "já vais ver"...

Adivinho o que aí vem já com um sorriso nos lábios...

Deposita arrogantemente o troco todo em moedas, sendo a de maior valor 50 cêntimos... Olho para ela e devolve-me o gesto com o ar triunfante de "quiseste-ser-mais-esperto-que-eu, toma-lá-uma-hérnia-discal-à- conta-do-peso-das-moedas-na-carteira"! Tão previsível...

Time to go, o meu cliente é mais importante que a mesquinhez daquela personagenzinha. Mas como ali o cliente sou eu, não estou para ser gozado e o combate já vai longo, resolvi ir sem mais delongas para KO: "Já agora, traga-me o Livro de Reclamações, por favor..." Por magia, o arzinho de matrona em marcha triunfal pelas ruas de Roma no tempo de César ruiu estrondosamente, CATRAPUM...

Este país precisa que usemos bombas nucleares para matar moscas, de outra forma os brandos costumes vão nos matando todos os dias...
P.

sexta-feira, julho 16, 2010

Correr!


Para mim correr sempre foi uma obrigação, algo que fazia porque tinha que ser (quando joguei ténis e futebol mais a sério) ou porque, mais tarde, era uma maneira de manter a forma física.

Até que há 4 ou 5 anos esbarrei com este livro. A simples ideia de que uma pessoa, por si, pode ultrapassar todas as barreiras físicas com perseverança e vontade atraiu-me na altura. E a corrida passou a ser o meu vício. Primeiro com calma fui fazendo uns Kms de cada vez. Depois o limite foi subindo... até ter corrido uma Meia-Maratona.

Essa é a verdadeira razão porque tanta gente fica "grudado" na corrida. Quando corres, ao contrário de tantos outros desportos, o adversário és tu. Quando te levantas às 6:00 da manhã no pino do Inverno derrotas o teu "evil twin" que te puxa para o conforto. Quando te atiras para mais 5 minutos para além do limite ou mais 1 km que da última vez sais vencedor...contra ti próprio. Aliás é o superar da tua zona de conforto que se torna num desafio constante. Uma conhecida marca de desporto tinha um slogan que dizia mais ou menos isto: "Dói-te mais quando corres ou quando não vais correr..."

Nos últimos tempos sinto falta, mas mesmo muita falta, deste vício. Uma arreliante lesão num joelho e um entorse depois disso têm-me limitado... Mas vou voltar quando for possível porque nos dias em que o stress e a pressão correm contra nós, nada como uma corrida para nos fazer ver as coisas de forma diferente... Libertas-te de tudo à tua volta para conseguires ir um pouco mais além!

P.

PS: aconselho a todos os que se sentem em baixo de forma que corram ou, não podendo, andem. Percam 15m ou 30m do vosso dia para se mexerem e vão ver que o peso dos dias se torna mais leve e a perspectiva das coisas muda... Para além de que estão a fazer a vocês mesmos um favor, grande!!!

quinta-feira, julho 15, 2010

Filmes de uma Vida (Take 5)

"The Shawshank Redemption" - 1994


Este filme vale pela história de amizade improvável entre o prisioneiro negro "Red" (Morgan Freeman) e o injustamente encarcerado Andy Dufresne (Tim Robbins), ambos a cumprirem longas penas na prisão de Shawshank.

Apesar de simples, o argumento está genial e a interpretação daqueles dois actores acrescenta-lhe uns quantos pontos. O final "a la Holywood" borra a pintura mas não podia ser de outra forma... Ou podia?

A lição de que "por muito esperto que penses que és, há sempre alguém mais esperto que tu" vale muito para além do filme... E nunca se sabe o que esconde um poster da Rita Hayworth ;-)



P.

quarta-feira, julho 14, 2010

The Silence of Sounds




Há silêncios que são tão fortes que causam mais impacto que mil palavras.

O Rádio Clube Português, como emissora de referência na área da informação, deixou de existir no passado Domingo às 23:59. Ao longo dos últimos anos aprendi a gostar desta companhia nas longas horas de trânsito a cominho do trabalho ou de clientes.

A ditadura dos números que nos rege a todos num deve e haver frio em que apenas o resultado final a verde conta assim o ditou. O projecto "não era viável" em termos financeiros... Assim se mata sem qualquer remorso uma rádio, assim se reduz a quase nada quem está do outro lado a receber a emissão... E assim se interrompem violentamente as vidas de quem, lá dentro, fazia a radio com dedicação e amor.

Vou sentir falta do trânsito, das notícias, das crónicas, dos programas e relatos do futebol pelos grandes Fernando Correia e Carlos Dolbeth, a Teresa Gonçalves, as análises do Camilo Lourenço, os sons da história, a Janela Aberta do Aurélio Gomes e todos os restantes, os que se ouviam e os que ficavam lá atrás... Espero que todos eles encontrem rapidamente uma nova saída profissional

A frequência do RCP continua a emitir música dos anos 60 e 70. Mas há sons que de tão vazios que são que nos moem pelo que significam...

P.