quarta-feira, julho 19, 2006

Uma estória verdadeira (ou talvez não, não sei...)

Ele tinha um ar absolutamente banal um pouco feio até. Normalmente passaria despercebido aos olhares menos atentos que usamos no nosso dia-a-dia quando estamos "metidos para dentro com os nossos pensamentos".

Olhava-nos com um olhar meio perdido mas ainda com uma atitude "de quem tem a certeza que, no fim, tudo se resolverá a bem". No fundo devia pensar que não haveria outra saída senão essa mesmo

Vagueava por entre os carros e os lugares vazios do parque de estacionamento de um hipermercado dos arredores de Lisboa. De um lado para o outro como se procurasse algo recentemente perdido, embora esse algo não fosse nada fisicamente visível.

Procurava segurança, conforto, atenção, brincadeira, tudo o que até então tinha tido no seio da sua família...

Mas a família tinha que ir de férias... E ele já tinha perdido o ar "fofinho" e "querido" que todos os cachorros têm... Tinha sido "a melhor prenda de Natal de sempre" mas agora, no fundo, era banal e um pouco feio até... Se calhar desobediente (porque treiná-lo dava demasiado trabalho) e, por passar muito tempo sozinho em casa, estava sempre a roer e a estragar a mobília... Deita sempre muito pêlo e tem que ir à rua duas vezes por dia...

Deixaram de ter paciência e, como tinham que ir de férias, aproveitaram a ida às compras para o despejar e deixá-lo à sorte...

Todos os anos, por esta altura, milhares de animais de estimação são abandonados por quem tem o dever de lhes dar, no mínimo, tanto como eles nos dão a nós. Triste mundo este

3 comentários:

Anónimo disse...

É uma realidade muito triste esta mas repete-se todos os Verões e não só.
A próposito deste tema sugiro que leias este texto http://settercp.planetaclix.pt/diariocao.htm

Fiquem bem.

Anónimo disse...

É a terrível verdade de quem não tem escrúpulos ou carácter para assumir as suas obrigações. Sim, porque se se toma a opção de ter um animal de estimação há que ser responsável por ele e não abandoná-lo à mínima contrariedade.
Fiquei tão triste ontem ao ver aquele pobre cão perfeitamente perdido.
O nosso nem sabe a sorte que tem!
MJ

Ana Pessoa disse...

A mim este assunto enerva-me.

Gostava de saber se essas pessoas que fazem isso também foram abandonadas pelos pais quando eram pequenos e deixaram de ter piada, ser novidade e começaram a dar trabalho e chatisses.

xxx

A