sábado, julho 17, 2010

Portugal dos pequenitos - Quadro nº 1

Dia de trabalho, 9:12 da manhã

Entro numa pastelaria igual a tantas outras, banal para tomar um café, antes de entrar para uma reunião com um cliente.

Com um sonoro e bem disposto "Bom dia", peço "um café por favor".

(Sublinho o "Bom dia" e o "Por favor" da minha parte para que não restem dúvidas que iniciei o contacto da forma mais correcta possível).

A esta abordagem não houve qualquer reacção que não fosse o depositar de um pires e uma chávena (vá lá que esta vinha cheia e com café...). Foi o suficiente para me sentir incomodado mas nada mais do que isso, tinha outras preocupações em mente.

Para além disso cobram-me 65 cêntimos por um café sofrível e um ar de frete de uma empregada que não tem, nunca teve e dificilmente terá apetência ou motivação para servir a um balcão... Começo a sentir um incómodo crescente mas ok, no stress, no worries, vamos lá para a reunião que é bem mais importante que tudo isto.

Hora de pagar, nota de 10 € entregue (tinha ido ao Multibanco antes e o raio da máquina não me deu notas ou moedas de menor valor...).

Proverbial pergunta nas únicas palavras que me dirigiu: "Não tem mais pequeno" em tom de guarda nazi dirigindo-se a um prisioneiro de um campo de concentração (com o devido respeito).

Bom, se eu não admito que quem me conheça me fale assim, quanto mais quem eu nunca vi na vida e faço questão por não voltar a ver! Já com o indicador "paciência" no vermelho, respondo: "Não, o multibanco ainda não da moedas..."
Sentindo-se picada, resmunga algo que felizmente não percebi. Arranca a nota do balcão e dispara direita a máquina registadora, preparando a vingançazinha e com ar de "já vais ver"...

Adivinho o que aí vem já com um sorriso nos lábios...

Deposita arrogantemente o troco todo em moedas, sendo a de maior valor 50 cêntimos... Olho para ela e devolve-me o gesto com o ar triunfante de "quiseste-ser-mais-esperto-que-eu, toma-lá-uma-hérnia-discal-à- conta-do-peso-das-moedas-na-carteira"! Tão previsível...

Time to go, o meu cliente é mais importante que a mesquinhez daquela personagenzinha. Mas como ali o cliente sou eu, não estou para ser gozado e o combate já vai longo, resolvi ir sem mais delongas para KO: "Já agora, traga-me o Livro de Reclamações, por favor..." Por magia, o arzinho de matrona em marcha triunfal pelas ruas de Roma no tempo de César ruiu estrondosamente, CATRAPUM...

Este país precisa que usemos bombas nucleares para matar moscas, de outra forma os brandos costumes vão nos matando todos os dias...
P.

1 comentário:

Rui Gouveia disse...

Muito bom! :o) Lixaste a gaja e foi o melhor que fizeste....